sexta-feira, setembro 01, 2006

 

PESSOAS

Dei por mim a fazer um balanço. Ao meio jeito, sem grandes preparativos nem delongas. Assim, de repente, com conclusões à flor da pele, expiradas num segundo. É como eu sou. Para alguns, pouco reflectida. Para mim, muito "sentida", muito no peito, longe da cabeça. O cérebro serve-me apenas para processar a informação, torná-la inteligível, quando me apetece.

Descobri que a pessoa feliz que sou, deve tudo aos outros. Apercebi-me de que me podia faltar tudo, desde que pudesse manter os laços que me unem a alguns. Sou - orgulhosamente - muito amada. Sobretudo por aqueles que amo, ainda que a reciprocidade não seja razão. Tenho, pelo menos, um milhão de memórias. Sempre com pessoas. É sempre assim? Há memória sem relação? Eu não tenho.

Sou muito rica. Afortunada. Todos os dias no meu olhar acendem-se estrelas. E o ar que respiro tem o odor das flores silvestres que me ofereces em cada manhã.

Tenho pessoas. Não no sentido de as possuir, que isso é meio caminho para lhes manietar as vontades. Refiro-me ao espaço que ocupam cá dentro que me faz ser maior, toda cheia, preenchida, realizada. Aconteça o que acontecer, dê a vida as voltas que der, nunca nada nem ninguém poderá tirar-me este tudo. E, nunca, é das palavras mais fortes que conheço.

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