quinta-feira, maio 31, 2007

 

O (EU) QUE ME PEDE A PRIMA

Eu quero... viver
Eu tenho... preguiça
Eu acho... sempre muito
Eu odeio... sentir frio
Eu sinto... e sinto e sinto e sinto
Eu escuto... com um terceiro ouvido
Eu cheiro... tudo!
Eu imploro... se estiver muito aflita
Eu arrependo-me... mas custa-me
Eu amo... a vida
Eu sinto dor... na alma, às vezes
Eu sinto falta... dos que me morrem
Eu importo-me... com as pessoas
Eu sempre... quis esta vida
Eu não fico feliz... quando me dói a consciência
Eu acredito... no Amor
Eu danço... quando me apetece
Eu canto... todos os dias
Eu choro... e não consigo parar
Eu falho... e desisto
Eu luto... para ser melhor
Eu escrevo... quando já não cabe em mim
Eu ganho... de todas as maneiras
Eu perco... quando me perco
Eu nunca digo... desculpa
Eu confundo-me... com a estupidez
Eu estou... a viver o melhor
Eu sou... competente
Eu fico feliz... quando consigo (seja o que for)
Eu tenho esperança... nas pessoas
Eu preciso... de ser espontânea
Eu deveria... estudar mais

segunda-feira, maio 14, 2007

 

ENQUANTO ME LEMBRAR

Eu já sabia. A memória é um bem precioso. Exagerada como sou, com esta minha tendência para me deixar incendiar de paixões, apetece-me dizer que é o bem mais precioso. É o que nos preserva, o que nos mantém, o que nos permite a transcendência, a vitória sobre a corruptibilidade da carne. Li algures que ninguém está morto enquanto houver dele memória. Fez-me sentido mas faltava-me sentir. Da maneira que se sente quando se vive.

Tive essa sorte. Há dias, o meu sobrinho mais novo, que me enche o coração de ternura desde que o vi nascer, que (por isso) me tolda o discernimento ao ponto de lhe permitir a satisfação de todos os caprichos, deu-me a enorme graça de viver um daqueles momentos que nos transformam. Nunca conheceu a avó E., minha mãe. Nasceu apenas 7 anos após a sua morte, faz agora 11 anos. Já o tinha ouvido a falar dela, reconhecendo-a nas fotografias, curioso com a forma como morreu. Comportamento normal, para uma criança muito viva e interessada por tudo. Do que eu não estava à espera era da ligação que ele soube estabelecer com ela. Que só pode ter nascido do quanto nos lembramos de como foi a nossa mãe, a sogra da minha cunhada, a avó dosmeus sobrinhos. E, de cada vez que isso acontece, presentificamo-la. No espaço e no tempo em que estamos vivos. E ela fica também. Só assim se explica que, uma destas noites, ainda sentados todos à mesa do jantar, o J. tenha resolvido "tifonar" à avó E. para lhe dar conta das novidades familiares, das viagens do pai, do nascimento do novo bebé. E que tenhamos todos acabado ao telefone, sorriso nos lábios, vozes um pouco (mas muito pouco) trémulas, a falarmos para o céu.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?



eXTReMe Tracker