quinta-feira, outubro 09, 2008
SABEDORIA
Sabes o que me impressiona? É que um texto destes, escrito por uma heterossexual, casada, mãe de filhos, com cabecinha bem resolvida, pode fazer muitíssimo mais por nós do que o comportamento histérico-peixeiro-intelectual-amofinado-pretensioso-e muito muito muito fóbico dos defensores da classe.
Obrigada, Vieira. O mundo precisa tanto de pessoas assim!...
"Sou completamente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há uns anos não; há uns anos, quando ainda usava blaisers, sapatos de fivela e camiseiros às riscas, e o meu cérebro tinha a marcha atrás engatada à conta do curso de Direito que acabara de tirar, era contra. Porque achava que a instituição legal do casamento havia sido criada para pessoas de sexos diferentes, porque o fim primeiro do casamento seria a procriação mesmo que os casados não quisessem ou não pudessem ter filhos; porque, não pretendendo coarctar os direitos de ninguém, achava que se eles (ou elas) quisessem unir legalmente os trapinhos que o fizessem, mas que lhe chamassem outra coisa qualquer e não "casamento" as we know it. Hoje, leio pessoas como o Carreira das Neves e, além dos vómitos, sinto verdadeiro espanto por um dia ter pensado quase, quase, da mesma maneira. Hoje, acho que uma equivalência de direitos não se consegue com outra coisa qualquer, em especial no que concerne ao direito a ser feliz através de um compromisso mútuo que se quer ver jurídica e socialmente reconhecido em toda a sua dimensão (afectiva, conjugal, patrimonial). Se a questão das uniões de facto deu com os burrinhos na água (na prática, quase nada mudou), então que avancemos de vez para o casamento, hoje em dia cada vez mais liberto de vocações ancestrais. Se calhar, esta é uma das vantagens de os anos passarem por nós: aos quarenta, sinto mesmo que o que mais interessa é ser-se feliz porque o tempo voa e que isso também passa - e muito - por facilitar a felicidade dos outros. Parece-me simples."
Obrigada, Vieira. O mundo precisa tanto de pessoas assim!...
"Sou completamente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Há uns anos não; há uns anos, quando ainda usava blaisers, sapatos de fivela e camiseiros às riscas, e o meu cérebro tinha a marcha atrás engatada à conta do curso de Direito que acabara de tirar, era contra. Porque achava que a instituição legal do casamento havia sido criada para pessoas de sexos diferentes, porque o fim primeiro do casamento seria a procriação mesmo que os casados não quisessem ou não pudessem ter filhos; porque, não pretendendo coarctar os direitos de ninguém, achava que se eles (ou elas) quisessem unir legalmente os trapinhos que o fizessem, mas que lhe chamassem outra coisa qualquer e não "casamento" as we know it. Hoje, leio pessoas como o Carreira das Neves e, além dos vómitos, sinto verdadeiro espanto por um dia ter pensado quase, quase, da mesma maneira. Hoje, acho que uma equivalência de direitos não se consegue com outra coisa qualquer, em especial no que concerne ao direito a ser feliz através de um compromisso mútuo que se quer ver jurídica e socialmente reconhecido em toda a sua dimensão (afectiva, conjugal, patrimonial). Se a questão das uniões de facto deu com os burrinhos na água (na prática, quase nada mudou), então que avancemos de vez para o casamento, hoje em dia cada vez mais liberto de vocações ancestrais. Se calhar, esta é uma das vantagens de os anos passarem por nós: aos quarenta, sinto mesmo que o que mais interessa é ser-se feliz porque o tempo voa e que isso também passa - e muito - por facilitar a felicidade dos outros. Parece-me simples."