quinta-feira, março 05, 2009

 

O QUE NOS TOCA INCONDICIONALMENTE

Ainda ontem me perguntava se sou assim pouco contestatária por desleixo, por indiferença, por inércia, por falta de motivação ou se é mesmo por escolha, resultado da minha vontade que, na insanidade que me é própria e deriva em recusa de qualquer visão positiva de mim, nunca quero ver como determinada e firme. Vinham-me essas dúvidas a propósito do que me move quando, como ontem, entro numa igreja. Nunca são premeditadas essas minhas visitas. Acontecem pelo mais arbitrário acaso. E nem sei bem o que lá faço. Na maior parte das vezes, limito-me a olhar em volta, a sentir a vibração dos lugares, o cheiro caracterísco madeira-água das jarras com flores de pés em decomposição-cera-mofo-vago perfume das senhoras que rezam o terço, sempre com a minha impaciência característica, a desejar ter vontade de permanecer ali por mais tempo, obrigando-me a acalmar o relógio que tenho no peito cujo tique-taque dura um enésimo de segundo.

Questiono até a fé que conduz os meus passos. Será apenas o hábito, a educação, o estabelecido que me leva a associar a "Casa de Deus" à fé que tenho? E, se assim for, será fé, isto que tenho? Ou habituei-me e fui educada a chamar-lhe assim?

Afastei rapidamente as dúvidas, soprando-as para um outro momento em que me sentisse menos desconfortável, mais segura das minhas verdades. Não voltei a pensar nisto até há pouco.

Na verdade, acabei de ter uma resposta que não deixa espaço a qualquer discussão, a qualquer controvérsia que possa ter o intuito de travar em mim e comigo: obrigada meninas do oxalá. Depois do que vi, não há forma de não sentir a fé em todo o seu esplendor. Sem nenhuma dúvida.

Comments:
Andei pr'aqui a coçar o côco até que a aNa me fez ver a luz.

A mim, resta-me essa fé. Fé nas provas de Deus, pessoas que amamos, nos pequenos milagres.

A fé já não me leva até a uma igreja. Leva-me até casa. E quando há cerca de um ano atrás entrei numa igreja, à procura de um milagre, de consolo, de um sinal sei lá... da minha fé... não encontrei nada disso. Encontrei apenas mofo-vazio-desconforto. A minha alma abandonou as paredes caiadas.

(é tão bom entrar na tua casa -não falo da de pedra)
 
Após ler umas entradas deste blog só tenho a dar os parabens, pela boa escrita e fabulosa maneira de partilhar pensamentos.
Eu, talvez pela minha insensibilidade religiosa sinto uma estranheza a entrar em igrejas...pois nada do edificio em si me diz nada...só me sinto tocada pelas expressões daqueles que realmente absorvem as vibrações que aquele espaço lhe dá.

Boa continuação de ano e de blog. parabens!
 
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