terça-feira, dezembro 07, 2010
O CORPO
Durante 40 anos adoeci. Ou melhor: o meu corpo adoeceu. Vivi na carne todo o tipo de dores e foram-me desferidos todo o tipo de golpes. Fui invadida por instrumentos, por mãos estranhas, instilaram-me gases e extirparam-me órgãos. Tenho na pele as marcas das costuras que ligam os retalhos em que me fui tornando.
Um dia, inesperadamente mas - descobri depois - com absoluta sincronicidade, alguém mo apresentou: "este é o seu corpo". Foi assim que me tornei, num segundo de tempo, consciente da sua existência. Do espaço que ocupara e do quanto me tinha servido sem que eu o (re)conhecesse. E, como que fulminada, percebi que alguma coisa não estava bem.
Hoje, após 9 cirurgias e quase 3 anos de psicoterapia, de corpo saudável, finalmente deprimi. E toda a energia que anteriormente irrompia através da carne, se organizou numa onda de violência descomunal que avançou, inexoravelmente, sobre mim, deixando-me totalmente submersa numa mistura de água e sal que, entrando-me pelas narinas ávidas, me sufocou. E morri.
E renasci. No meu corpo retalhado mas completo. Pleno de energia e saúde. Sem espaço para aceitar metabolizar o que não lhe pertence. Exigente e caprichoso, em demanda de uma psique igualmente sã.
Um dia, inesperadamente mas - descobri depois - com absoluta sincronicidade, alguém mo apresentou: "este é o seu corpo". Foi assim que me tornei, num segundo de tempo, consciente da sua existência. Do espaço que ocupara e do quanto me tinha servido sem que eu o (re)conhecesse. E, como que fulminada, percebi que alguma coisa não estava bem.
Hoje, após 9 cirurgias e quase 3 anos de psicoterapia, de corpo saudável, finalmente deprimi. E toda a energia que anteriormente irrompia através da carne, se organizou numa onda de violência descomunal que avançou, inexoravelmente, sobre mim, deixando-me totalmente submersa numa mistura de água e sal que, entrando-me pelas narinas ávidas, me sufocou. E morri.
E renasci. No meu corpo retalhado mas completo. Pleno de energia e saúde. Sem espaço para aceitar metabolizar o que não lhe pertence. Exigente e caprichoso, em demanda de uma psique igualmente sã.